Prevenção do Câncer de Mama: diagnóstico precoce e alimentação saudável

Anualmente, a campanha de saúde nacional denominada Outubro Rosa faz um alerta sobre o câncer de mama, uma tema que infelizmente permanece atual e que se trata hoje da primeira causa de mortalidade nas mulheres.

No cenário atual pandêmico notou-se um agravamento preocupante dos casos, com o aumento significativo de biópsias positivas após o retorno das pacientes às clínicas, que já chegam de forma bem notável, com tumores grandes e axila acometida  O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que sejam diagnosticados no Brasil mais de 66 mil novos casos de câncer de mama em cada ano do triênio 2020/2022.

Para esclarecer as dúvidas e os medos mais comuns das mulheres, nós conversamos com a Médica Radiologista Mamária, Drª Fernanda Philadelpho, sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama, fatores de risco e a prevenção através da  influência dos hábitos de vida, como uma alimentação saudável e prática de atividade física, inclusive no tratamento da doença.

Autoexame das mamas é mesmo necessário?

Muito se difunde acerca da importância da realização do autoexame, que é a palpação das mamas realizado pela própria paciente nela mesma. No entanto, a Drª Fernanda alerta que é necessário que a paciente já conheça o seu corpo para ter algum parâmetro e conseguir detectar anormalidades.

Para isso, é necessário que o autoexame seja uma rotina, mas sem exageros. A doutora dá a dica que a palpação seja feita durante o banho com uma frequência mensal. Ela reforça que, além do autoexame realizado em casa, a paciente deve realizar visitas periódicas ao médico.

“O fato dela fazer o autoexame não quer dizer que ela tem que deixar de ir ao médico, pelo contrário: toda mulher em idade fértil deve ir anualmente ao ginecologista e faz parte da consulta ginecológica a palpação das mamas pelo ginecologista que, no caso, pode ser também o mastologista.”

Quando realizar a mamografia?

Como método consagrado para a detecção do câncer de mama, a mamografia é a protagonista quando falamos no assunto. Ao contrário do que algumas mulheres possam pensar, não deve ser realizada somente após uma detecção de irregularidade na palpação.

“A mamografia deve ser realizada anualmente a partir dos 40 anos por todas as mulheres. E, no caso daquelas pacientes que apresentam as mamas densas, ou seja, com mais glândula mamária do que gordura, elas podem ter uma sensibilidade reduzida da mamografia pra detecção dos nódulos.

Nestes casos, a gente usa também a ultrassonografia das mamas num rastreio complementar para tentar cercar mais e ter mais chances de detectar o câncer.”

Por que realizar a detecção precoce do câncer de mama?

Sobre a importância da detecção cedo do tumor a doutora defende que, quanto mais cedo você detecta o câncer, maior a chance de cura e de um tratamento menos agressivo. E explica:

“A mamografia permite a detecção de tumores em estágios iniciais, muitas vezes ainda não palpáveis e isso possibilita um tratamento eficaz e a cura que é uma realidade nos dias de hoje. Se a gente detecta um câncer de 1cm é melhor do que detectar ele com 3cm.

Há maiores chances dele estar restrito à mama e ser de uma agressividade menor, consequentemente permite um tratamento mais tranquilo.  A realização do exame é muito importante para a redução de risco de mortalidade.

As chances de cura aumentam quando você detectar um câncer bem menor do que quando ele já está grande e se espalhando para os linfonodos da axila e para outros órgãos.”

A mamografia tem contraindicações?

Não, a mamografia não apresenta nenhuma contraindicação e pode e deve ser realizado mesmo em pacientes com implantes. A Radiologista recomenda que a mamografia de rastreio seja realizado em todas as mulheres que tenham mais de 40 anos, assintomáticas, ou seja, que não sentem ou observam nada de diferente nas mamas, como uma rotina anual de autocuidado para o diagnóstico precoce.

Quem deve realizar mamografia antes dos 40?

A realização da mamografia de rastreio pode ser recomendada antes dos 40 anos para pacientes que apresentam história familiar importante ou história de mutação genética, sob orientação do médico.

Quais os fatores de risco para o câncer de mama?

O câncer de mama é uma doença multifatorial, com influência de fatores genéticos, hereditários, hormonais e ambientais que isoladamente ou em conjunto podem determinar o aumento ou não do risco de desenvolvimento da doença. Dentre os mais importantes, estão:

• história familiar de câncer de ovário em parente de primeiro grau, seja mãe ou irmã, e sobretudo em idade jovem, antes da menopausa;
• histórias de mutação genética na própria paciente ou familiar, e a mutação genética mais conhecida no câncer de mama é o gen BRCA (quando ele está mutado, é bastante importante para o médico observar);
• algumas síndromes genéticas;
• e também história pessoal da própria paciente, principalmente se já teve câncer de mama ou ovário.

Embora seja possível listar esses como principais, a Drª Fernanda Philadelpho pondera que somente um médico poderá traçar o perfil da paciente com maior risco de desenvolvimento da doença, pois:

“Existem outros fatores de risco não tão importantes, mas, quando colocados junto com outros ou esses fatores de risco, podem trazer um alto risco para a paciente, como a própria mama densa.”

É possível se prevenir do câncer de mama com a alimentação?

Assista no vídeo as dicas da médica especialista em diagnóstico mamário sobre a importância de uma alimentação saudável para prevenção e tratamento da doença.