Janeiro Branco: Como evitar transtornos alimentares e seus impactos na saúde física e mental
O Janeiro Branco é uma campanha que reforça a importância da mudança de comportamento e mentalidade em vários níveis da nossa sociedade, e da construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade.
Na virada do ano as pessoas estão mais reflexivas e criando metas para os próximos 12 meses, sendo o momento ideal para abordar o assunto. Em tempos de pandemia, com o isolamento social, o medo, o ócio, e o acesso a mídias sensacionalistas, essa questão ficou ainda mais evidente, com casos crescentes de quadros de depressão e suicídios acontecendo de forma globalizada.
Pesquisas em todo mundo apontam para a necessidade real do debate sobre o tema, tanto para prevenção do adoecimento emocional, como para conscientização para possíveis tratamentos. Mais do que nunca, fica claro a importância de estarmos atentos ao nosso bem-estar emocional e o das pessoas que amamos, mesmo a distância.
O autocuidado é fundamental: quando o assunto é saúde, e a prevenção continua sendo a melhor forma de evitar problemas, por isso mudanças de comportamento são tão importantes. Os três pilares da saúde física e mental continuam sendo: alimentação balanceada, sono reparador e atividades físicas regulares, porém cobranças exageradas podem causar comprometimentos.
A incidência de transtornos alimentares teve um aumento expressivo nos últimos anos, sendo comprovado em diversos estudos a relação entre os padrões estéticos e o número de casos.
Para falar sobre o tema, convidamos a nutricionista Dra. Luciana Matoso, pós graduanda em Comportamento Alimentar, Nutrição Clínica e se especializando em Obesidade, Transtornos Alimentares e Cirurgia Bariátrica, que dará dicas de como lidar com o problema.
1) O que é e quais são as maiores causas de transtorno alimentar?
Transtornos alimentares são desordens, doenças de fundo psiquiátrico que afetam principalmente adolescentes e adultos, predominantemente do sexo feminino acarretando prejuízos de ordem biológica, psicológica e social e que estão relacionadas com alterações no comportamento alimentar dos indivíduos.
Quanto às causas, é multifatorial, a real origem ainda pouco conhecida, podendo ser desde ordem genética, familiar, psicológica, sociocultural, biológica.
2) Cite alguns transtornos. Eles podem levar a outros problemas de saúde mental como a depressão, por exemplo?
Exemplos de transtornos alimentares: Anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno de compulsão alimentar.
Sim, podem levar a depressão, pois a mente de uma pessoa que está com algum transtorno alimentar é marcada por uma auto imposição de um padrão de beleza que pode gerar sentimentos de descontentamento com o próprio corpo, insatisfação pessoal e baixa autoestima, formando um ciclo emocional muito consistente e persistente que só alimenta os sentimentos de culpa, fraqueza, decepção, levando a quadros de depressão.
3) Qual impacto psicossocial enfrenta quem sofre com estes transtornos?
O isolamento social é muito comum, devido a depressão instalada, quadros de ansiedade, levando a sensação de tristeza e angústia associada à desmotivação nas atividades básicas diárias e afetando as relações sociais.
4) Quais fatores do comportamento alimentar podem influenciar a obesidade?
São diversos fatores, desde aqueles que estão relacionados às próprias características dos alimentos como por exemplo o sabor, a textura, a composição nutricional, a aparência, como também a acessibilidade ao alimento, as crenças existentes, os motivos religiosos, a influência da mídia televisiva, as relações sociais e até mesmo o ambiente de trabalho e familiar.
5) O que é um ambiente obesogênico?
É um ambiente que oferece condições que favorecem às escolhas alimentares dos indivíduos de forma a contribuírem para o surgimento da obesidade.
6) Qual a diferença da fome fisiológica e a fome psicológica?
Na fome fisiológica o estômago ronca, a fome cresce aos poucos e quando se come há saciedade, e o indivíduo fica mais aberto a opções saudáveis, enquanto que a fome psicológica, existe uma urgência no ato de comer, ela surge de repente, o indivíduo não se satisfaz, está sempre procurando o que comer e não sabe o que é e existem desejos específicos.
7) Qual a importância do papel da família e amigos?
O apoio da família é essencial no processo de tratamento e recuperação da saúde de um indivíduo com transtorno alimentar: É importante ter paciência, dar amor e atenção, valorizar as pequenas conquistas por menores que elas sejam, sempre com muito acolhimento e orientação.
As pessoas próximas devem evitar também agir como um influenciador negativo reforçando inconscientemente padrões de comportamento ruins, que podem atrapalhar esse processo de reconstrução e reeducação nutricional.
8) Qual a melhor forma de evitar este problema e como é o tratamento de quem já enfrenta esta situação ?
Trabalhar em si a relação com a comida, a aceitação corporal, não esquecendo da importância da saúde e da manutenção de um estilo de vida saudável, ter equilíbrio sempre, sem precisar estar rotulando alimentos bons e ruins, evitar seguir dietas restritivas, excluindo grupos alimentares, que geram sofrimento e sacrifício, o que pode levar a ocorrência de compulsão alimentar e outros prejuízos. É essencial o apoio familiar, e é necessário procurar uma ajuda profissional para um acompanhamento com uma equipe multidisciplinar: Psicólogo, psiquiatra e nutricionista.
9) Mensagem com dicas para equilíbrio e manutenção da mente e corpo saudável:
Ter uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes, rica em fibras, com compostos bioativos, rica em antioxidantes e manter uma boa hidratação, evitando excesso de açúcar e alimentos ultraprocessados.
Importante consumir diariamente 400 g de vegetais variados, evite o consumo excessivo de carne vermelha e óleos refinados (de soja, de milho, de canola, etc).
Evite o tabagismo e o consumo de bebidas alcóolicas.
Tome 15 minutos de sol diariamente. Fique atento aos seus níveis de vitamina D.
Fazer uma boa higiene do sono: silêncio, uma roupa de cama limpa e perfumada, difusor com óleo essencial de lavanda, evitar utilizar eletrônicos quando for dormir, desligar as luzes, procurar dormir cedo e evitar comer muito tarde, evitar ingerir café, chá verde, chá mate e chá preto próximo ao horário de dormir.
Procurar fazer uma atividade física que dê prazer, e ajude a relaxar e que faça por gostar e não apenas com foco exclusivamente na estética.
Leia mais, lembre-se de respirar profundamente ao longo do dia e tente ao máximo gerenciar o estresse.
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Onde encontrar a Dra.?
Luciana Matoso CRN 31134/P RN
Pós graduanda em Comportamento Alimentar
Pós graduanda em Nutrição Clínica
Pós graduanda em Obesidade, Transtornos Alimentares e Cirurgia Bariátrica
Instagram: @lutricao
Clínica: ESPAÇO LIFE NATAL – End: Rua Tereza Bezerra Salustino, 1888, Lagoa Nova – Natal RN – próximo ao Hospital do Coração.