Obesidade Infantil: fatores que influenciam e como prevenir [Entrevista]

Ciência e Saúde com: Drª Lúcia Carraro

De acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) de 2019, uma em cada três crianças brasileiras está acima do peso. Este e outros dados alarmantes sobre a obesidade infantil em todo o mundo levaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) a estimar que o número de crianças obesas no planeta chegará a 75 milhões em 2025.

Estas informações são ainda mais preocupantes se considerarmos as consequências de obesidade na infância para a vida adulta, como o desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Para alertar os pais e orientar sobre a obesidade infantil com bases clínicas, a Bodyfarma Nutrition foi conversar com a especialista no assunto.

Entrevista com a Drª Lucia Carraro

 

A Drª Lúcia Carraro é médica formada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), com Residência em Endocrinologia, especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Mestre em Endocrinologia pela PUC-RJ e Professora do Curso de Pós-graduação em Endocrinologia da PUC-RJ.

 

 

 

Bodyfarma – A doutora fala em suas mídias sobre a “importância na prevenção, identificação e tratamento da obesidade” na infância. Por que é importante?

Drª Lúcia – A obesidade é um dos principais problemas de saúde pública com uma prevalência crescente tanto nos adultos como na população pediátrica nos países desenvolvidos e em desenvolvimento e a obesidade infantil é um poderoso preditor de obesidade e suas comorbidades na idade adulta.

Bodyfarma – Quais as características fisiológicas desta faixa etária apontam para o desenvolvimento da obesidade?

Drª Lúcia – Este aumento da prevalência da obesidade em crianças e adolescentes é particularmente alarmante porque doenças relacionadas à obesidade que raramente eram observadas nas crianças no passado incluindo apnéia do sono, doença hepática não alcoólica gordurosa com cirrose resultante e diabetes mellitus tipo 2 são cada vez mais diagnosticadas em pacientes pediátricos, inclusive começam a desenvolver danos cardiovasculares vistos apenas em adultos

Segundo o maior estudo epidemiológico já realizado promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com o Imperial College, de Londres, na Inglaterra, publicado na revista Lancet em 2017, a obesidade infantil aumentou 10 vezes nas últimas quatro décadas e o mundo terá mais crianças e adolescentes obesos do que desnutridos até 2022, fenômeno que chamamos de transição epidemiológica e nutricional.

No Brasil, uma em cada três crianças está com excesso de peso (sobrepeso ou obesidade) segundo o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), 2018.

Bodyfarma – Como proceder em casos de obesidade infantil?

Drª Lúcia – Uma vez diagnosticados o sobrepeso e a obesidade na infância e na adolescência, o tratamento deve ser precocemente administrado porque o risco de mortalidade dos adultos obesos que foram obesos quando crianças é significativamente maior do que aqueles que engordaram na idade adulta e 80% dos adultos obesos foram crianças obesas.

Bodyfarma – Então, uma criança obesa se tornará um adulto obeso?

Drª Lúcia – A probabilidade de que uma criança obesa permaneça obesa na idade adulta varia de 20% a 50% antes da puberdade e 50% a 70% após a puberdade. Nesta faixa etária o tecido adiposo “armazenado” na infância é capaz de multiplicar-se também na vida adulta a partir de novas células, os pré-adipócitos, tornando a obesidade infantil um forte desencadeador de obesidade futura.

Bodyfarma – É possível afirmar que existem fatores genéticos envolvidos?

Drª Lúcia – A obesidade tem causa multifatorial, com herança poligênica, raramente monogênica e a genética tem uma influência determinante em associação aos fatores ambientais. O risco de obesidade quando nenhum dos pais é obeso é de 9%, enquanto, quando um dos genitores é obeso, eleva-se a 50%, atingindo 80% quando ambos são obesos.

Bodyfarma – Qual a melhor forma de prevenir a obesidade em crianças?

Drª Lúcia – A melhor forma de prevenir a obesidade em crianças geneticamente predispostas é adotar hábitos alimentares saudáveis desde cedo, estimular o aleitamento materno que é um fator de proteção contra o aparecimento da obesidade em crianças, incentivar atividade física limitando o número de horas assistindo televisão (>2 horas de tela incluindo outros monitores e celulares a partir dos 2 anos), pois relaciona-se, de maneira significativa, à obesidade. Estar atento ao número de horas de sono por noite pois está inversamente relacionado ao peso e a privação de sono cronicamente leva ao aumento do risco de obesidade.

 Bodyfarma – Como medir o risco da obesidade em crianças?

Drª Lúcia – A mensuração da obesidade é realizada através do cálculo do índice de massa corporal (IMC) que é o peso em kg sobre a altura em m ao quadrado, e é o padrão internacional para o diagnóstico da obesidade. Valores de IMC acima de 25,0 kg/m2 caracterizam excesso de peso, sendo que, valores de 25,0 kg/m2 a 29,9 kg/m2 correspondem a sobrepeso e valores de IMC ≥ 30,0 kg/m2 à obesidade.

Também em crianças, o índice de massa corporal (IMC) associa-se, de modo significativo, à adiposidade. Em razão da variação da corpulência durante o crescimento, o limite de normalidade é estabelecido por curvas de IMC específicos para idade e sexo, sendo classificadas como sobrepeso e obesidade, respectivamente quando maior ou igual a +1 e +2 escores Z-IMC após os 5 anos de idade.

Hábitos saudáveis para tratamento e prevenção da obesidade

Bodyfarma – Por que a eliminação do açúcar na dieta é tão importante para a prevenção da obesidade adulta e infantil?

Drª Lúcia – Um dos efeitos negativos do açúcar é que ele pode gerar picos nos níveis de glicemia no sangue – e também nos níveis de insulina gerando excesso de peso e resistência à ação da insulina gerando uma série de reações desfavoráveis à nossa saúde.

Bodyfarma – Quais seriam estas reações desfavoráveis?

Drª Lúcia – O consumo constante de açúcar promove o acúmulo de gordura no corpo liberando adipocinas inflamatórias, debilitando o sistema imunológico e, assim, permitindo que o organismo fique vulnerável à ação de vírus e bactérias, favorecendo o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças cardiovasculares e diversas outras doenças, como neoplasias, doenças degenerativas neurológicas, comprometimento do fígado, rins etc.

Bodyfarma – Por que adoçantes naturais de baixa caloria, como o Xylitol+ da Bodyfarma, são bons substitutos para o açúcar?

Drª Lúcia – Esse adoçante é considerado natural por ser extraído a partir de fibras de algumas plantas, como ameixa e milho. A grande vantagem associada a ele se deve ao fato de seu índice glicêmico ser bem baixo, de apenas 7, enquanto com o açúcar normal esse número varia de 60 a 70, tendo efeitos insignificantes na glicose sanguínea e na insulina. Portanto, nenhum dos efeitos nocivos do açúcar se aplicam ao xilitol.

Bodyfarma – Além de não ter os malefícios do açúcar, que outros benefícios o Xylitol+ traz para a saúde?

Drª Lúcia – Ele também pode ser considerado um adoçante amigável para quem está querendo perder peso, uma vez que contém 40% menos calorias que o açúcar comum. Para pessoas com diabetes, pré-diabetes, obesidade ou outros problemas metabólicos, o xilitol é uma excelente alternativa ao açúcar.

Adoçante Natural Xylitol+

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Bodyfarma – Além do Xylitol+, a Bodyfarma Nutrition também tem o achocolatado polivitamínico (Chocobon) em sua linha de produtos. Em quais casos, a doutora recomenda a suplementação alimentar com vitaminas para o tratamento das síndromes?

Drª Lúcia –Em pacientes com deficiência de vitaminas ou que tenham pouca exposição ao sol importante repor vitaminas, entre elas, a vitamina D.

Achocolatado polivitamínico

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